quarta-feira, 13 de novembro de 2013

“Musicologia” do Pagodão baiano




Quero com este texto pensar como o Pagodão baiano se insere e paira na sociedade baiana com suas aplicações, referências e verdades que são presença constante no nosso dia-a-dia. Pois, entendo que este gênero musical na Bahia, mas especificamente em Salvador, tem um apelo social enorme ditando regras e modos de vida na sociedade, deste modo, o debate sobre o Pagodão baiano estaria para além do meramente musical.
É uma sensação mágica... Uma eterna brincadeira inocente... Um mundo de sensações e desejos incontroláveis... Num dia de tão formoso sol que parece ser os olhos de todos os Deuses e Orixás que disputam e clamam a atenção dos baianos a cidade acorda mais uma vez. Por todas ladeiras, praças, becos e ruas de Salvador, ouve-se uma música alegre e ritmada pelos tambores swingados e cheios de africanidades.  Que também tem a sistematização sem sabor da música europeia. Tem Ásia, tem todos os continentes numa mistura de orgia sensual. Quase que um presente divino para ser contemplado com nostalgia e jubilo.
Uma música que ti leva a um transe, que ti faz delirar, que involuntariamente passa por todo seu corpo fazendo você mexe e se remexer sem parar. Se esta música tiver um cheiro característico você sentira a fragrância do azeite de Dendê oriundo dos vários quitutes dos tabuleiros das Baianas do Acarajé espalhados pelos quatro cantos da cidade de Salvador. Você consegue perceber em cada expressão: na dança pueril de uma criança, no corpo negro, maduro e bronzeado a rebolar e a se esfregar um no outro, em cada olhar, no sorriso largo que parece que vai saltar da boca, nas manifestações de flerte mudo, no toque de pele que parece que vai invadir suas entranha e lhe proporcionar prazeres indescritíveis.
Mesma pele que carrega as marcas de tantas lutas ancestrais. Não é uma alegria fortuita e passageira. Não... É uma alegria que identifica e legitima a baianidade com toda sua criatividade própria e particular. Com toda sua mistura étnica. Mesmo usada de foram “vulgar” por alguns, entretanto, esta música narra de foram irônica e festiva toda fome e miséria deste povo sofrido e carente, porém, forte, alegre e determinado. Esta música penetra na verdadeira “alma baiana”, ajuda a nos relevar este comportamento tão singular e reverenciado por poucos. A Bahia pode ser conhecida e definida por todos seus sons extraídos de todo suas influências misturadas de teu povo, pois, ela tem uma história própria e cativante.
Hoje em dia essas canções do Pagodão baiano que é a transformação moderna do pagode irônico e reverente desenvolvido na Bahia que cheira a periferia talvez não tenha o mesmo charme padronizado e ultrapassado de um Chico Buarque; nem a forçada poesia chata e burguesa de um Vinicius de Morais; nem a suposta e obscura genialidade dos versos inconfundíveis de Caetano Veloso; nem a tão reverenciada soberania decadente de Roberto Carlos; ou o mais do mesmo da inventividade dos acordes de João Gilberto; muito menos ainda o requinte simples e repetitivo de um Cartola, porém, tem o suor, tem alegria extrema, o jubilo frenético de festividade, tem todo um corpo suado a interagir com outro e a remexer-se numa atmosfera de “eterno convite e provocação”. Se analisarmos segundo um víeis pautado na Escola de Frankfurt e tomarmos como integrantes de uma certa Industria Cultural as canções destes compositores (do Pagodão baiano e os ditos sofisticados), será que a proposta de uma intenção de passar algum tipo de mensagem não seria a mesma para todos?
 A canção como gênero musical está norteada na mensagem, na união de melodia e letra, assim, o que diferenciaria as letras do Pagodão com sua ambiguidade, reverência, e simplicidade, não seria nossas predileções ao que entendemos como sofisticado numa letra de musica cheia de metáfora e imagens apoteóticas de um lirismo onde muitas vezes não correspondem a real interação crua das pessoas na sociedade? Poesia em refinamento é para determinar separações de classes e sustentar comportamentos de camadas e estabilidades sociais, deixar o povo na inércia, mostrando glamour faraônico. 
Arte é interpretação livre, que vai pra além da racionalidade norteado quase que plenamente no simbólico e no transcendente, desta forma, podendo sair de lugares inimagináveis, assim, o que aterroriza uma música como essa, ou seja, o Pagodão Baiano, é a imoralidade, promiscuidade e imagem de animalidade legado aos pobres (classe operária) em toda nossa história brasileira. Para além de todas as distorções e apelos sexuais que esta música pode ter para uma camada da sociedade dita sofisticada esta música tem antes de tudo a cara da favela de Salvador!
O Pagodão baiano é feito principalmente por artistas oriundos muitas vezes das favelas da cidade de Salvador, eles enxergam neste tipo de música um mecanismo, uma maneira de ascender socialmente e não serem mais hostilizados pela sociedade, resgatando sua alto estima e respeito como cidadão. Estes artistas pertencem na maioria das vezes à chamada classe pobre, classe essa que está imersa numa atmosfera de idealizações degradantes que definiriam determina imagens que poderiam ter destes indivíduos: animalização da personalidade do individuo, sexualização extrema do corpo, índices alarmantes de analfabetismo funcional, racismos sofridos, padronização de beleza e comportamentos, bestialização, todos os tipos de exclusão social, falta de estrutura básica para sobreviver como uma boa moradia, educação de qualidade, transporte, alimentação adequada, violência acentuada nas suas diversas modalidades, etc..
Também esses pobres atuam em subempregos, onde os deixam sempre emergidos neste caos sem perspectiva de melhora a curto e longo prazo, assim, não o gabarita obter o que esta mesma sociedade lhe mostram como objetivos de vida do “cidadão comum”. O cidadão comum é definido através de condutas morais norteadas pelas diversas influencias das instituições sociais que o rodeiam. Implantam no imaginário destes cidadãos certas metas que ele teria de alcançar, entretanto, a sociedade não lhe fornece os suportes necessários ficando para poucos os recursos para ter uma digna e saudável vida. Logo, o individuo é valorizado, é visto e respeito por aquilo que ele possui financeiramente. Suas posses e rendas.
O Pagodão baiano também seria o mecanismo ou dispositivo onde o pobre marginalizado retrata de forma simples e direta os valores vazios que esta mesma sociedade lhe impõe. Ou ainda, como esta sociedade enxergaria a camada pobre da cidade. Funcionaria também como uma forma das camadas privilegiadas da sociedade manter o povo cativo e subjulgado aos desmandos das classes formadoras de opinião e principalmente os políticos.
Valorização exagerada de nossas imagens, vaidade que é fortificada pela sociedade moderna. Que tem anseio e falta porto seguros para ajuda-lo a refletir e viver bem consigo mesmo, para questionar determinados valores impostos como verdadeiros e únicos e não refutáveis. Perca de um porto-seguro, não para nos viramos fundamentalistas, dogmáticos, mas, para termos referências substâncias. O vazio no individuo se transforma em uma muralha pra que o mesmo um não enxergue o outro e tudo fique indiferente.
Os desmandos dos políticos em Brasília, a punição severa dos pobres e ao mesmo tempo a impunidade para os ricos não seria um sintoma disto? Não é sutilmente trabalhada a alienação, para nos deixar acomodados com tudo no nosso país?
 E a Grande Mídia capitaneada pelos programas de televisão não seria o principal propagador destes valores vulgares para a população? Pois, a televisão é o principal meio onde a maioria dos brasileiros se informam, adquirem cultura e se educam. Mesmo com o crescente acesso a internet e outros meios de informação, mesmo assim, é a televisão que norteia e dita às regras de tudo no cidadão brasileiros.
Verificamos neste movimento musical valorização de certas imagens e referências, de vidas específicas palpadas em comportamentos esdrúxulos, pois, se o Pagodão baiano é associado a uma imagem vinculada a vulgaridades e bestialidades é o espelho fiel da situação social destes pobres marginalizados. A degradação humana vivida no cotidiano nas favelas de Salvador é mostrado neste movimento musical que combina música e comportamento com sua beleza mal tratada, sua linguagem monossilábica quase que rosnada, seu comportamento beirando a animalidade, formando assim, uma “expressão cultura” autêntica.  Não quero esconder o comportamento esdrúxulo e as consequências destes constantes apelos a sexualidade/libidinagem que possa vir a ocorrer, mas, porque não podemos também analisar como recurso da ironia baiana, da brincadeira sem malícia, reverência de dizer algo? Esta mesma música sexualizada que tão explorada por toda sociedade, é vitima de preconceitos, pois, é feita por gente sem educação, animalizadas e a margem do que a sociedade entende como comportamento adequado.
Uma questão: afinal qual é o propósito de tanta exposição sexual contida no Pagodão baiano atualmente? Será uma brincadeira artística sem propósitos políticos? Será para submeter às classes populares e legitimar o poder das classes dominantes? Será para alienar a sociedade? Será o pão e o circo moderno? Pois, a música sexualizada de uma forma cômica enfoca a degradação humana. Expõe-lhe, mexe com sua intimidade e se confunde com o mesmo. Torna-se objeto e passa a ser especulada, adaptada para ser a principal referencia antropológica e sociológica da população pobre. Existe um verdadeiro bombardeio destas músicas sexualizadas (pagodões baianos, Funk carioca, etc.) nos diferentes meios de comunicação (internet, programa televisivo, rádio, etc.) com o fim último de entreiter e cativar toda população. Claro que não só as classes pobres. Porém, essas são as mais que sofrem diretamente com isto.
Com esta mesma forma cômica, revela toda falta de cuidados que o Estado tem com esta camada da sociedade. Revela as diferentes mazelas que este povo sofre, porem, esta exposição é conduzida de uma foram tão planejada que o povo não percebe que esta sendo manipulada. A criança desde cedo nasce para rebolar e se deprava sem direito a conhecer algo novo e mais saudável e instrutivo para a mesma. As classes privilegiadas e o Estado Brasileiro colocam em exposição toda fase degradada do povo pobre, pois, através do incentivo deste tipo de música, a classe pobre “sem saber” tomam a sua sexualidade como modo de vida e tudo que eles fazem e são ligados a vulgarização.
Analisemos uma imagem tão cantada nas músicas do Pagodão baiano, ou seja, a garrafa de uísque seria, portanto, o alcance desejado do status, do vencer na vida, do mostrar pra as pessoas da sociedade poder. O uísque é o símbolo da sua entrada da legitimação do individuo como pertencente a algum lugar, a estar inserido no padrão de vivência que a sociedade imagina como ideal para individuo. O uísque é chave e a permissão, o uísque é o que o igualaria o pobre do rico, é o poder consumi o que é bom, que é visto como objeto dos vencedores. O uísque é o símbolo do sucesso da ascensão social, a redenção, o auge, o fim. A posição social privilegiada, agora ele é gente, a favela não mais o identifica-o o representa como toda a representatividade negativa que este lugar pode ter.
Em um modo geral a sociedade ver você com reflexões estabelecidas com ideias. Ora, tudo é para passar, todos nossos sentimentos são dirigidos a terem predileções e gostos para determinadas coisas. Nossas sensações são mascaradas por apelos fortes a coisas vazias e ao descartável. Nossos sentimentos, emoções, gostos, mudam com uma velocidade incrível, o efêmero tornou-se o objeto primeiro de nossas vidas. o individuo tem que passar ou corresponder a determinados objetos estabelecidos nas relações sociais. Certas condutas são norteadas por diversos seguimentos institucionais ou em toda rede social.
Existe em nossa sociedade todo um panorama de exposição dessas músicas sexualizadas no intuito de deixa o povo no estado permanente de degradação de sim mesmo sem ter forças para reclamar ou vislumbrar mudanças concretas de sua posição e afirmação humana. Mesmo que o Pagodão baiano seja visto como expressão cultural, modo de ascensão social, ou ainda, importante meio propagador de alienação social pelo Estado, ela é antes de tudo um ótimo mecanismo para questionarmos nossa sociedade brasileira com seus comportamentos, verdades, imposições e referências.  Mesmo que o Pagodão baiano esteja mais fortemente hoje em dia ligado a certa Industria da Cultura que tem a proposta de criar uma música com conotação de arte popular para entreter o indivíduo, e também como mecanismo de manipulação social, esta música carrega no imaginário do nosso povo algo de raiz de pertencimento, de identidade.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

EU QUERO SER PRA VOCÊ




Eu quero ser pra você;
Um caminho que você passe pra desfrutar tudo que é sensação e desejo;
Eu quero ser pra você;
Uma beleza tão indizível e estapafúrdia que chega até ser irracional cogitá-la;
Eu quero ser pra você;
Algo factual não algo passível de idealizações bestais;
Eu quero ser pra você;
Algo pra ti envolver num amor inconfundível e incontrolável;
Eu quero ser pra você;
Um absoluto vazio completo;
Eu quero ser pra você;
Algo para ser usado... Algo para servi de experiências futuras;

Eu quero ser pra você;
Aquele telespectador de seus voos e liberdades;
Eu quero ser pra você;
Um amante fervoroso e torcedor apaixonado;
Eu quero ser pra você;
Só uma parte deste mundão que espera para dançar contigo;
Eu quero ser pra você;
Palavras sem versos... Dizeres sem sentidos e ofuscados;
Eu quero ser pra você;
Um autor que com minhas palavras maravilhosas pinte figuras de histórias fantásticas as nossas vidas.
Eu quero ser pra você;
Intenções e Provocações;
Eu quero ser pra você
Esta contradição louca e desmedida;
Eu quero ser pra você;
Ser uma coisa e outra;
Eu quero ser pra você;
Tudo bem junto e misturado;
Eu quero ser pra você;
A vontade de mim esquecer pois você tem que viver outras pessoas;
Eu quero ser pra você;
O espelho onde você observe bem atentamente e confirme a degradação e destruição que é ser humano;
Eu quero ser pra você;
Tolices para manifestar em você muita falta de paciência;

Eu quero ser pra você;
Seu fiel cafajeste e esnobado;
Eu quero ser pra você;
A intenção vencida e derrotada desse suposto verso para lhe dizer algo;
Eu quero ser pra você;
Esta falta de criatividade que minha péssima memória só fortifica esta deprimente poesia;
Eu quero ser pra você:
Esse cansado de falta de criatividade para fazer algo sensacional para pelo menos valer a leitura de alguém;
Eu quero ser pra você;
Na verdade nem sei o motivo destes versos escritos para você;
Nem sou tão amoroso assim;
Só tenho pretensões de poeta;
Pelo menos fica o registro;
Dessa poesia sem graça e sem pé nem cabeça que tentei escrever;
Fim.

Uma pedagógica do indivíduo



Analisar o indivíduo em sua subjetividade perpassaria sobre tudo suas influências históricas e sociais, assim, estudar a nossa história humana seria legitimo se o resultado destas análises fossem usados para entendermos nosso presente. Marxinianamente falando, o indivíduo entendesse como tal a partir de relações de imposições e hierarquias ao Capital com todos seus mecanismos institucionais em diversos ambitos ideológicos: Global, Político, Estatal, Nacional, Religioso, relações interpessoais, entre outros, de submissão e alienação entre duas classes bem distintas (burguesia e proletário), desta forma, todas as mazelas e conflitos sociais de urgências mais íntimos deste indivíduo teria o Capital como pano de fundo e origens de todo um ideal de indivíduo social, com seus supostos benefícios, desigualdades e questões de raça. Em suma, o indivíduo e o Capital se “confundem”!
Um olhar Foucaultiano neste mesmo aspecto nos faz aponta que mesmo que o indivíduo tenha o Capitalista como base institucional e norteador de suas definições mais íntimas ele não é meramente produto do meio, pois, para além de uma questão meramente monetária esse indivíduo é visto neste grande sistema econômico com outro olhar, porque, temos que levando em conta seus anseios e sua subjetividade que muitas vezes é imprevisível mesmo com os avanços da psiquiatria que tem a função na visão do autor de diagnosticar comportamentos humanos para criar patologias para melhor dominar o mesmo.
O indivíduo e suas particularidades são suprimidas para ser enquadrado em uma forma que torna todo mundo igual para ser melhor dominado e submetido as imposições sociais de teu momento historio. Entretanto, essa submissão não seria plena, pois, apesar de tudo, sempre o ser indivíduo tem a capacidade de reagir e com as ações de sua reação transformar de alguma forma sua realidade. Grandes avanços nos direitos dos trabalhadores, Movimento Negro, Feminismo, Reforma Protestante, etc., são exemplos disto.
 Para impor ideologias para a classe trabalhadora a classe burguesa toma suas próprias alienações como verdade para melhor imprimi-las aos mesmos, assim, eles também são resultados de transformações históricas já que reproduzem comportamentos de sua época.

O favelado e o pobre não é só um indivíduo com acentuada melanina na pele, existe toda uma imagem (no sentido estético e social), que definiria o mesmo, ou seja, uma vida precariedade de recursos monetários, consequentemente, dificultando o acesso a coisas e bens  básicas para sua existência tais como só pra citar alguns: saúde, alimentação, transporte, educação, moradia. Desde sempre violentado em tudo e por todos na sociedade o indivíduo pobre e favelado de baixa renda aprende e enfrenta dificuldades para sua subexistência gerando as mais diversas revoltas psicossociais do mesma e em resposta direta a isto tudo na sociedade e como defesa destas violências praticam inúmeras formas de crimes (violência-resposta).
Só pra fortificar: desde cedo o indivíduo é massacrado com propagandas que lhe diz como deve se comporta e as coisas que deve consumi para ser integrado socialmente, pois, você é aceito na nossa sociedade quando você prática o consumismo desacertado sendo assim um autêntico ideário social. Exemplo: Trabalhador semianalfabetos com um entrego ruim que não lhe garante o mínimo para viver bem, com dois filhos, morando em casebres  e se possível sendo induzido a votar nos políticos indicados pela Grande mídia. Quando a classe alta se deleita com tudo que o dinheiro pode pagar. Quando o pobre não alcança este ideário tendo em vista a sua precarização de assistências básicas ele sofre penalidade de todo tipo de preconceitos canalizando isto para os diversos tipos de crimes como resposta. Esta precarização do acesso aos bens básicos de existência contribui para deixar o povo ignorante perante seus direitos e deveres assegurados pela constituição federal. Não quero ser determinista, claro que existem pessoas que conseguem ter uma vida diferente, alcança a tal dignidade que a sociedade prega, mas, ainda é uma grande pequena parcela do mesmo.
Deste seu surgimento no ano de 1950 a televisão se tornou a grande referência de cultura e propagador de informação e cidadania do Brasil, pois tomou o lugar da educação formal de nosso povo. Além de lazer a televisão como “O GRANDE MEIO” de veiculação de “cultura e verdades” dita todo tipo de comportamentos das pessoas no nosso país mais diretamente voltado para parcela da população pobre. Com essa enorme influência em nossa sociedade de programas televisivos como “Se Liga Boção”, “Na Mira”, “Brasil Urgente”, fazem um jornalismo sensacionalista onde exploram o medo, a ignorância e esta “violência/resposta”. Nunca vimos estes tipos de programa mostrar ou querer ter um debate crítico e construtivo do por que destas mazelas e violência. Apontam o problema já em seu resultado final não procuram saber as possíveis causas e como podem ser resolvidos. Mostram a vida animalização dos indivíduos devido sua vida de plena mazelas sociais para assim obter favores, Poderes e lançar candidatos para seus fins políticos.
Estamos vivendo uma grande crise, que é mascarado com apelo a um estilo de vida de consumismo, onde visa forma um ser social ideal. Mas não conseguimos enxergar que a maioria dos problemas do indivíduo é por falta de perspectiva de uma vida onde tenha condições mínima de subsistência e acesso a produtos e coisas que o consumismo lhe projeta para legitimar seu pertencimento social.
Temos normais jurídicas como o ECA voltado para crianças e os adolescentes e todos direitos assegurados pela Constituição Federal que é são os norteadores de condutas institucionais para pensar e agir diretamente em frente aos indivíduos, porém, algumas perguntas devem ser levantadas: para que serve leis e normais jurídicas? Como a nossa Constituição Federal e leis como o ECA e os agentes desta lei conduzem e entendem os crimes praticas? Será que não tem diferença entre crimes praticas por ricos e pobres? Será mesmo que políticas públicas de retenção e combate a violência tem o propósito de exterminar com o foco ou é só mais um mecanismo de aquecer o mercado de armamento? Será que não teria um propósito por trás de tudo isto?

Esses vegetarianos...



Não sou nutricionista e nem é a minha proposta expor aqui todos os nutrientes contidos nos vários alimentos existentes, nem vou dar conselhos sobre procedimentos alimentares de qualquer espécie, porém, neste pequeno texto quero levantar de forma breve algumas questões desta visão messiânica do vegetarianismo e no consumo de determinados alimentos em detrimento de outros que entendo ser uma questão política. Para isto ficarei voltado para três questões: como é visto a atitude vegetariana, o consumo de carne como habito tradicional no Brasil e algumas rápidas implicações políticas que podem girar em torno do assunto em questão.
Foi atribuída a carne uma imagem de algo degradante, algo que precisa ser combatido como uma epidemia que teria o poder de devastar toda a humanidade com suas diabólicas armadilhas. Também, seria a mesma, uma das “Garotas Propaganda” do consumismo desacertado que assola e condena a modernidade. Em contrapartida, a imagem do vegetariano estaria vinculada a um simbolismo ou mais diretamente a uma atitude ou ação revolucionária. Fica no ar para quem a prática um gosto de contra o sistema capitalista opressor, sendo visto, especialmente, como uma atitude política de transgressão. Praticar o vegetarianismo seria para poucos, para iniciados numa arte bela que singularizaria e daria pompa e status social para seus praticantes. Entretanto, esta imagem deixa a impressão de algo forçado, direcionando uma ideia de uma atitude de “a La Cavalo Paraguaio”!
A figura do vegetariano exagerada de ensinamento e de boa fé aparece como a “única” opção para salvar a saúde precária dos brasileiros, porém, alguns pontos teriam que ser questionados. Vivemos em uma sociedade onde a presença da carne é muito forte e abundante nas múltiplas formas de hábitos, cultura, religiosidade e da culinária, pois, a carne é presente no nosso cotidiano. Eu queria questionar a maioria dos vegetarianos se realmente eles sabem o valor nutricional de cada alimento da dieta vegetariana que os mesmos consomem e, que tipo de acompanhamento especializado eles tem, ou se os mesmos ainda procuram informações para se alimentar de forma “saudável”.
O problema não é o consumo de qualquer tipo de carne, o consumo controlado desse alimento teria seus benefícios e malefícios verificados e analisados se inseridas numa dieta com acompanhamentos especializados de profissionais de diversas áreas de conhecimento, para assim, o indivíduo saber manusear melhor esse alimento. Ora, o vegetarianismo tomaria sua prática alimentar como algo messiânico e solucionador de todos os problemas da saúde, comportamento alimentar e política do indivíduo.
No Brasil preservamos determinadas tradições alimentares onde a carne é objeto constantemente presente em quase todas as formas de culinária de nosso país. Certas tradições do brasileiro estão ligadas ao consumo da carne entre eles: feijoada e churrasco, além de serem comidas típicas que servem para reunir pessoas. Somos direcionados a cosumir carne não só por influências do mercado, mas, por termos como hábitos consumi no nosso dia a dia alimentos que tem a carne como composto principal ou complementar. Todos os tipos de carne (carne de boi, porco, aves, peixe, etc.) são presentes: na feijoada dos domingos, na moqueca de peixe das sextas-feiras, no macarrão com franco assado, no churrasco que é norteador de manifestações e festejos de nossa cultura popular como os pagodes na laje entre outros, desta forma, a carne estar muito forte no nosso imaginário e vida ordinária.
Alguns alimentos conhecidos como light e diet tem preços inacessíveis para a população assalariada. Cereais e grão com baixo teor de colesterol ruim ou gordura são caros. Nas lojas que vende alimentação saudável muitas vezes estes produtos tem o dobro do preço dos produtos industrializados e de alta saturação de gorduras e conservantes. 
O vegetarianismo não passa de mais uma prática alimentar entre muitas existentes no mundo, e sozinha não solucionaria o problema pelo menos em âmbito nacional de questionamentos políticos e culturais do Brasil. Podemos aprender novas formas de lhe dar com o alimento com a cultura vegetariano, entretanto, respeitando as tradições alimentares brasileiras que sempre foi recheada de carne de porco, franco e boi principalmente.
O povo talvez saiba o que é uma comida saudável, porém, sua renda não lhe permite que pratiquem essa tal alimentação saudável. Também, por não ter política publicas que realmente der para população conhecimentos e mecanismos para de acordo com sua renda busquem alternativas baratas para alcança esta tal alimentação saudável. Mesmo assim, até o que seja alimentação saudável é discutível por suas aplicações sociais e políticas. O brasileiro também se alimenta com outros tipos de alimentos como frutas, vegetais e verduras típicas de cada região. Verificamos pouca divulgação de praticas alimentares ditas saudáveis para população, assim, não se encontra no nosso país um real incentivo para a prática e aquisição de alimentos não industrializados, muito pelo contrário, somos massificados todos os dias através da “Grande Mídia” para que incessantemente venhamos consumir cada vez maios estes mesmos produtos.
Se avaliarmos friamente todas as ações públicas sociais e institucionais com campanhas e mais campanhas sobre hábitos saudáveis visam, antes de tudo, a preservação por o maior tempo possível de uma mão-de-obra ativa. Ninguém fala do avanço nas pesquisas sobre o consumo de insetos que teriam proteínas saudáveis para a raça humana e que este cultivo demanda também poucos hectares de terras, e baixos valores comerciais em comparação a carne e de alguns vegetais, claro se não for feito pela Grande Indústria.
Podemos verificar também que vários e vários hectares de terras estão destinados para a especulação imobiliária e para a prática da criação bovina e que a produção de grãos e cereais na sua maioria estão voltados para a exportação, deixando que os pequenos produtores fiquem responsáveis por abastecer nosso país na sua maioria. Altas taxações nos impostos sobre alimento também deixa o alimento mais caro para a população, desta forma, o Governo/Estado e a “Grande Indústria Alimentícia” monopoliza e dita o que o povo realmente deve consumi e gostar. Outro ponto de ser pensado: até este momento no Brasil não teve nenhum avanço político sobre as questões do uso da terra, sendo a tão sonhada Reforma Agrária mais um capítulo torpe e esquecido de nossa sociedade.
Como essa carne é produzida pela indústria também é questionada, porque, mesmo que existam órgãos governamentais de fiscalização destas produções, desde seu processo de fabricação até chegar na casa do consumidor, é obscuro para a maioria da população os procedimentos dessa mesma produção das industrias de carne, entre outros alimentação industrializada, e os critérios para a liberação para o consumo.
            Temos que observar também que a vida cada vez mais corrida da Cidade Grande, nos direciona a praticar alimentação nos fast food da vida. E a procurar alimentação industrializada que é de rápido consumo. Por exemplo: o suco pronto de caixinha estaria mais ao alcance da população, enquanto isto, as feiras livres de SSA que são de difícil acesso e não tem o incentivo adequado do Estado para sua preservação e funcionamento para suprir as necessidades alimentares básicas da população ficam quase que totalmente esquecidas. É inegável o aumento nos preços de frutas e verduras que dificultam a sua aquisição e a pouca oferta de alimentos que foram cultivas sem agrotóxicos e, mesmo assim, quando são encontrados, a população não consegue compra-lo pelo preço alto e não acessível para o assalariado. Uma observação: claro que não podemos nos esquecer das inúmeras pequenas feiras de que existem espalhados pelos bairros de SSA que mesmo com preços mais acessíveis para a população em geral nem todos podem consumir os produtos que muitas vezes são de péssima qualidade.
            Umas anedotas: o custo e o valor simbólico do produto alimentar é dado através de sua qualidade e que classe social o consome. Levando em conta o cultivo, todo o fetiche em volta do alimento, o lugar de sua origem, para quem o produto é direcionado e o propósito do teu consumo, até se o alimento faz parte de alguma iniciação, culto ou práticas quem vão desde jantares de alta classe, celebrações religiosas, festas de vários tipos, etc. Existem produtos praticados e direcionados para pobres e ricos com qualidades e requinte, diferenciados como bom e péssimo para as das duas classes, assim, mexe com o imaginário das pessoas que até para você pertencer à determinada camada social com determinados gostos e posição social você teria de consumir determinados produtos, ou seja, comer e gostar de determinados produtos. Uma pergunta: e o feijão, a rabada, o caruru que hoje em dia são louvados como verdadeiras iguarias nacionais sempre foram apreciadas e consumidas historicamente por todas na sociedade sem preconceitos?
            Outras anedotas: hoje em dia também você é identificado com o que você escolhe para comer sendo na estética ou status social. É consenso errôneo pensar que as pessoas mais simples não teriam a consciência sofisticada/cientifica de como cada alimento com suas substancia agiriam no nosso organismo, pois, só entenderiam a alimentação como uma ração para encher a barriga e nada mais. Temos tipos de conhecimentos populares onde determinadas enfermidades são combatidas com tipos diferentes de ervas, plantas, casca de madeiras e alimentações que o conhecimento cientifico legitima e usa em tratamentos patológicos de diversas especialidades.
            Uma observação: temos desigualdades regionais de várias naturezas e com seus inúmeros aspectos no Brasil. Por exemplo: a renda per capital no Nordeste brasileiro não é a mesma de todo o país (se comparado aos investimentos que ocorrem no sul sudeste é alarmante o descaso político), vivemos em uma das regiões mais pobres e desassistidas pelo poder político onde muitas crianças ainda são desnutridas. Agrava mais a situação com fenômenos climáticos de seca nesta mesma região que dificulta o acesso de determinadas camadas da sociedade a uma maior teia de alimentação com seus nutrientes e com a oferta de água quase que escassa.  
            Alguns aspectos positivos o vegetarianismo pode proporcionar com seus questionamentos nos nossos procedimentos alimentares: como termos acessos as diversas formas existentes de alimentação? Abri um caminho também para pensarmos como enxergamos a natureza (relação homem com/na Natureza) e como os animais são tratados, e como esses são vistos para suprir esta indústria que extrapola o consumo único e exclusivista da alimentação. Afinal, não só sua carne é aproveitada, como determinados tipos de couro, o marfim dos elefantes, a barbatana dos tubarões, entre outros.
Teríamos que no mínimo ter claro ou pelo menos algumas dúvidas deveriam ser esclarecidas de como dietas e procedimentos alimentares de qualquer tipo, seja ela carnívora ou vegetariana, agem e atingem nosso organismo, de que forma estas alimentações diretamente contribuem para nossa vida na sociedade, seus benefícios e malefícios e como a população pode manusear os mesmos para a manutenção da própria saúde.
Por fim, temos uma rica teia alimentar compostas por variações regionais de tipos de alimentos, herança direta da colonização e das diversas etnias e culturas que constituíram historicamente o Brasil. Poderia abordar várias e várias questões sobre este tema do vegetarianismo e da alimentação com resposta e possíveis soluções, entretanto, acho que este tema teria que ser discutidos por vários pontos de vistas diferentes.
Por hora lanço algumas questões para serem pensadas: como aproveitar estas variações alimentares em favor da saúde do brasileiro? Como manusear os vários tipos de alimentação para termos uma vida mais saudável? Porque não levantar a questão do que deveria estar inserido numa eventual “Cesta Básica” brasileira respeitando esta pluralidade regional e étnica de alimentações existentes no nosso país? Com essa atitude será que não poderíamos começar uma campanha social de qualificação alimentar? Alimentação será que não é uma questão de saúde pública?
Controlar o que comer e como comer não será antes de tudo uma ação política? Será que realmente todo tipo de alimentação é acessível às pessoas no Brasil? Como viabilizar o acesso de determinadas dieta para determinadas funções do dia a dia do indivíduo, como alimentações para recuperar a energia e dar disposição? Para quê serve determinadas substâncias e sua atuação no nosso organismo? Porque não pensar em criar lei, projetos institucionais e campanhas para reduzir impostos e taxações orçamentários sobre os alimentos para, assim, aumentar o acesso da população em geral a todos os tipos de alimentação?
Para concluir, não quero com este texto esgotar o debate ou apresentar quaisquer soluções para mudar uma possível visão que a sociedade tenha sobre o vegetarianismo. Também não é minha intenção justificar todos os tipos de práticas alimentares do Brasil. Muito menos ainda tomar posicionamentos ante todo um ideário sobre a alimentação na sociedade. Antes de tudo, tento com este texto, somente levantar questionamentos sobre como a alimentação é direcionada e tratada, nas suas diversas formas e nomenclaturas no nosso cotidiano da sociedade em geral.