terça-feira, 8 de abril de 2014

Palavras de amor

Moça por favor dei-me tua calcinha usada;
Para que eu possa enxugar minhas lágrimas;
Lágrimas de amores outrora;
Talvez isso seja o impulso;
Que faltava para eu me perder novamente.

Moça observe só por um instante;
O começo é sublime;
Passível de tudo que é belo;
Entretanto o tempo passa;
Os olhos se abrem;
E o que era encantador mostra seu lado autêntico;
As incompatibilidades e o enjoou vão atormentar;
Restando o conformismo e os conflitos por tudo.

Moça... Envolta de imaginações;
Morta como as folhas secas que caem das árvores no Outono;
És meu verdadeiro amor por você;
Fortuito, moldado e inconfundível;
Os raios solares do nosso amor ofuscam a nossa visão;
E a cada momento destrói o que teria de duradouro;
Você só percebe o brilho que é quase que fantasioso.

Moça... As palavras são todas arranjadas;
Numa simetria quase doentia;
Dita cada passo;
Cada ideia sobre nós dois.

A visão da imagem no espelho é desesperadora;
Brincamos de Roleta Russa com o mundo;
Nisso estar o verdadeiro prazer de estar vivo;
Queremos felicidades e escondemos o fedor que nos definiria;
Em plenitude e em um êxtase espetacular;
Porém moça;
Meu retrato é mais assustador e real que o Retrato de Dorian Gray;
Porque ela é sentida na carne dia após dia.

Moça eu não quero esconder nada;
Quero que todos vejam as marcar do meu corpo;
Destroçado e alienado dos anos ao teu lado;
Como si eu e você fôssemos uma coisa só.
Existiria coisa mais repugnante que isso?

Como é excitante...
Como é apavorante...
Como eu renego a mim mesmo...
Vendo você totalmente enrolada no meu Véu de Maya!

Que imagem perigosa...
Que delírio...
Como é desprezível se perder nesses labirintos;
De sentimos confusos;
Eu sei o que você e teu mundinho particular esperam de mim;
Esperem que eu despedace toda minha vida;
Esperam que eu seja você;
Esperam a morte lenta de meu EU cansado e derrotado.

Satisfazendo desejos alheios;
Invente coisas;
Criem em mim vontades.

Por favor Moça...
Não venha me entorpecer com esses quereres falsos;
Com essas promessas de amores possessivos;
Não queira ouvir de minha boca salgada e ferida;
O que a nossa cultura;
Quer que eu reproduza para você.

Moça...
Saibas de uma coisa;
Um simples gesto de eu ti amo;
Vinda de você;
Com esse jeito inocente;
Abençoado por Deus;
E outorgado pelo Estado;
Pode acabar com vidas inteiras;
Inclusive a nossa.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Um querer politicamente "quase" incorreto


Sua ordinária...
Guenga...
PUTA...
Mulher de "Vida Fácil"...
Ramera...
Suja...

Pecadora...
Sem vergonha...
Vendida...
Sínica...
Dissimulada...
Cachorra...
Ladrona...
Ah, sua qualquer, sua fingida... Sinome de Beauvoir ti invejaria.

Entenda...
Nada mais me fascina que seus beijos;
Seus desejos infames e atrevidos de fazer injurias;
De sussurrar palavras que arrepiam todos pêlos do meu corpo;
Nada mais provocante que teu jeito de cadela no cio;
A pedir cada vez mais forte e debochar de minhas limitações;
Nada mais gostoso que teu rebolar;
Tua buceta é um manjar sem igual;
Teu olhar de puta cretina é adorável.

Vadia...
És aqui um homem descontroladamente seu;
Vagabunda...
Ouça o meu gemer de desejo;
Piranha...
Esfregue todo seu corpo no meu;
Sinta como minha vontade de você ergue meu pênis em louvor.

Sua prostituta...
Arranque e morda vários e vários pedaços meus;
Me use e me abuse como aches melhor.

Sua imunda...
Brinque comigo e faça de mim o que você quiser;
Pratique comigo tudo que é de humilhante e vergonhoso;
Vejas aqui um homem totalmente a mercê de você.

Mate meu orgulho;
Me coloque na coleira;
Destrua o que há de mais autêntico em mim;
Me reduza a um inseto asqueroso e nojento;
Permaneça com esse desdém que me faz ser o homem mais apaixonado do mundo.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Infame



Nas suas saias o cheiro ainda é forte
E minhas mãos praticam todas as injúrias...

São intensas talvez, mais ainda gutural
São torpes, mas são como você gosta!

Nossa filha vai ser a Deusa mais linda
Totem de sedução e atrevimento, me use...

Vadia sua esperteza é dominadora
Tão perversa teu sorriso, abre qualquer mundo.

Brinque comigo, me jogue no chão das ruas,
Andes sobre meu corpo como um tapete.

Lança-me esse perfume louco
Que induz, por você, insaciável querer.

Venha, minha meretriz gulosa
Amar como se repete e se repete.

De ser mulher. És a mais doce ninfeta
De corpo usado, e de cintura luxuriosa.

A alma é um convide ao desconhecido
Entre um velho amor relembrado
Um constante novo prazer
.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Meu Eu



Não;
Não venha dizer coisas fortuitas sobre minha cara amassada;
Semblante autêntico de desespero e angústias das mais fortes;
Do meu olhar derrotado;
De minha boca seca e partida;
De meu corpo degradado;
De minha sombra negra deforme e esquisita.

Não;
Não quero ouvir suas críticas de certezas vazias;
Você com certeza não sabe do meu gemido mais íntimo;
Dos cantos de sereia que atordoam a minha vida;
Das minhas porradas cotidianas;
De minhas necessidades;
Do que sinto e dos meus desejos e vontades.

Não;
Não quero saber de suas conclusões banais sobre minha vida;
Falo de horas que se repetem e não passam nunca;
Falo de todo anacronismo;
Falo de noites longas de insônia;
De dias quentes e insuportáveis;
De tardes sem fim;
De uma dor longa e totalmente indizível.


Falo de falta de grana;
De ser ator de vários meios sociais;
De perspectivas frustradas;
De dançar conforme a música;
Do barco de Caronte;
De saber que ser você mesmo é uma prostituição de si mesmo.

Percebes nobre criatura do quê falo?
Não é OZ;
Falo de situações do dia-a-dia;
Das coisas podres e de vísceras;
Falo de minhas verdades e medos;
Das conquista e barreiras intermináveis;
De voltar para Ítaca;
De mim reconhecer e de me reinventar.

Observe e por favor fique em silêncio;
Não imagine nada;
Pois eu só falo de amor;
Dessa vontade de viver e sentir tudo;
De beber a vida e sentir todos seus sabores;
Falo de contradições e certezas adquiridas e quebradas;
Falo simplesmente de viver.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Uma musa de 19 de Fevereiro



O artista é um provocador;
Diz coisas de mundos de forma ardente;
Exuberante observa tudo com uma artimanha mordais;
Pompa nas ideias;
Simples em suas palavras;
Cada detalhe é descrito minuciosamente;
Como se o tempo descansasse em sono absorto;
Furioso de imaginações.

Sublime não é sua arte descontrolada;
Sedenta de revelações cretinas;
Contidas em toda sorte de infinitos saberes seculares;
Cada tensão;
Cada sensação que envolve nossos sentidos;
Na simples observação de sua obra materializada;
Ele enxerga tudo brincando e você cada vez mais rendida e apaixonada.

Vejas... Procure dentro de você aquela inquieta coisa que lhe perturba;
Tem residência em cada parte de teu corpo;
O inimaginável;
Não se limite;
Se atreva em revoltas descomunais;
Digas do encantamento;
Desse calor indiferente que atormenta;
Desse frio que congela e aprisiona tudo;
Fale com você mesma;
Voe entre esse mar embriagante de aromas raros;
Seja seu próprio Deus em carne e osso.

Beba esse liquido venenoso de novas propostas de viver;
Sinta-se nua sem pudor e despida de si mesma;
Despudorada faça o calculo da mais absurda liberdade;
Sem medida;
Sem preconceitos;
Solta de quaisquer convencionalismos baratos;
Anuncie para vida o seu você;
Não perca nenhuma gota de você.

O artista é assim cálido;
Sedutor e inesquecível como uma marca na tua pele;
Espetacular;
Quer tocar você com uma beleza maravilhosa;
Assim... Por favor, não pare um só minuto.

Use as armas que o artista lhe fornece;
Para descobrir um mundo renovado e sem sombras;
Aposte;
Jogue e brinque com suas dúvidas;
Com suas convicções mais ácidas e fervorosas;
Ouça a voz da contravenção;
Quebre certezas;
Destrua tudo de velho para experimentar novidades.

Faça de você mesma um oásis;
De um torpor nunca antes sentido;
Revele essa energia que sinto vinda de você;
Que é doida e selvagem.