quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Uma musa de 19 de Fevereiro



O artista é um provocador;
Diz coisas de mundos de forma ardente;
Exuberante observa tudo com uma artimanha mordais;
Pompa nas ideias;
Simples em suas palavras;
Cada detalhe é descrito minuciosamente;
Como se o tempo descansasse em sono absorto;
Furioso de imaginações.

Sublime não é sua arte descontrolada;
Sedenta de revelações cretinas;
Contidas em toda sorte de infinitos saberes seculares;
Cada tensão;
Cada sensação que envolve nossos sentidos;
Na simples observação de sua obra materializada;
Ele enxerga tudo brincando e você cada vez mais rendida e apaixonada.

Vejas... Procure dentro de você aquela inquieta coisa que lhe perturba;
Tem residência em cada parte de teu corpo;
O inimaginável;
Não se limite;
Se atreva em revoltas descomunais;
Digas do encantamento;
Desse calor indiferente que atormenta;
Desse frio que congela e aprisiona tudo;
Fale com você mesma;
Voe entre esse mar embriagante de aromas raros;
Seja seu próprio Deus em carne e osso.

Beba esse liquido venenoso de novas propostas de viver;
Sinta-se nua sem pudor e despida de si mesma;
Despudorada faça o calculo da mais absurda liberdade;
Sem medida;
Sem preconceitos;
Solta de quaisquer convencionalismos baratos;
Anuncie para vida o seu você;
Não perca nenhuma gota de você.

O artista é assim cálido;
Sedutor e inesquecível como uma marca na tua pele;
Espetacular;
Quer tocar você com uma beleza maravilhosa;
Assim... Por favor, não pare um só minuto.

Use as armas que o artista lhe fornece;
Para descobrir um mundo renovado e sem sombras;
Aposte;
Jogue e brinque com suas dúvidas;
Com suas convicções mais ácidas e fervorosas;
Ouça a voz da contravenção;
Quebre certezas;
Destrua tudo de velho para experimentar novidades.

Faça de você mesma um oásis;
De um torpor nunca antes sentido;
Revele essa energia que sinto vinda de você;
Que é doida e selvagem.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Negritude e futebol



Ainda estamos na senzala. Vivendo em favela e ocupamos o submundo e a periferia em todos setores da sociedade. Presos e cegos em uma parede onde refleti preconceitos raciais muito latente com formas diversas e, por fim, continuamos louvando a doutrina do sangue azul. Somos conduzidos a termos certas praticas, para selecionarmos e aceitarmos como belo e agradável de si ver determinada coisa e aparência estética bem definidas.
O diferente é tratado como algo igual e condicionante de valores e praticas, ou seja, negros e brancos teriam singularidades. Nossa sociedade é igual, com particularidades na estética negra e branca, veja como nos somos conduzidos a usar determinadas roupas, pensar igual, nossos pensamentos são comprados na mesma loja de grande departamento e atacado, nossa sociedade dita comportamento como diretrizes sociais. Ninguém é levado a ponderar nada e tudo pode ser dito e apontada sem si preocupa com consequências que podem ocorrer. Falando especificamente do negro eu sempre sentia no ar uma “colocação do negro no seu lugar”. Tudo que é ruim e degradante é ligado e veiculado a imagem do negro que estar cheio de mazelas por trás e essa questão iriam para além do tom de pele.
Toda vez que é mostrado um jogo de futebol pela televisão em Salvador e nas cidades do Nordeste brasileiro com sua maioria de torcedores negros e pobres aparece na “Grande Mídia” e nas redes sociais comentários ofensivos cheio de ironia, brincadeira e deboche. Esses comentários muitas vezes são uma forma de escondermos o nosso racismo de cada dia, pois, estar tão internalizado e normalizado essas formas de preconceitos que não conseguirmos entender o tão maléficos são estas práticas aparentemente "inofensivas".
Essa brincadeira, ironia e debochada de tratar as coisas é a forma que é velada o nosso racismo, assim, essas praticas discriminatórias passem como algo inocente e simples ingenuidades. Isso não é em vão e tem seus propósitos: submeter uma classe em detrimento à outra e manter as pessoas em pensamentos e discussões vazias para não entendermos e questionar nossas condições e posições na sociedade. Um ponto importante: isso ocorre também porque a beleza e estética negra ainda provoca furor quando é mostrado assim em rede nacional por essa "Grande Mídia" por vários motivos. Apontando uma direção de raciocínio entre tantos é o fato que esta beleza vista em grande quantidade em um Estádio de Futebol construído para poucos é entendido como algo pitoresco e não comum, desta forma, a imagem do negro ainda é relegado a periferias (de todo cunho social e ideológico) e a uma estética de ser entendido por seu lado irreverente, festivo, degradante e feio. O negro tem que ter sempre o seu lugar, ou seja, periférico!
Temos uma forma própria de torcer, mais alegres, mais despojados, ainda é uma atmosfera familiar a torcida baiana e nordestina por isto essa inveja. Como conseguirmos este tipo de torcer? Apesar de termos uma das torcidas mais fanáticas como é do E.C. BAHIA respeitamos as pessoas que torcem para times diferentes e isso incomoda muito. Claro que temos violência e brigas nos nossos Estádios, entretanto, não é uma coisa que é amplamente difundido em nossa sociedade.
Essas manifestações de brincadeiras das pessoas nas redes sociais e na Grande Mídia nacional só alimentam a baixa autoestima do negro, deixa-o fraco e o induz para renegar suas origem, assim, tudo que é negro é visto como algo ruim e não aceito pela própria pessoa negra. Isso configura a porrada cotidiana que nossa classe recebe. Nosso papel como negros é de luta e resistência para não tornar estas praticas comuns e cotidianas como já são. Temos que tentar amenizar essa violência elevando a autoestima do negro mostrando que essas imagens de degradações não viria do mesmo, mas, tem motivações e objetivos de submetê-lo e mantê-lo sempre no seu lugar de periférico em tudo na nossa sociedade.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Príncipe e Princesa um rápido dizer



É incrível como as imagens do Príncipe e da Princesa ainda são fortes. Tem que ter olhos claros, cabelos lisos, muito bem nascidos e vivendo em “bairro bom”, 16v e vários cavalos de potência com a marca importada, ser membros da mesma “tribo”, compartilhar coisas em comum, achar que sexo não é importante. Ter as hipocrisias em dias, muitas e muitas posses. Ter emprego estável e ganhando muito bem. Queira casar formal ou informalmente, ter inteligência mediana, Moderno e eterno jovem, bela aparência europeia, querer viajar nos fins de semanas com os filhos e a esposa, acreditar em Deus mesmo sendo Ateu, ou ser o próprio Deus! E a conta bancária?!?!?! Ah... Com certeza tem que esta em dias e muito bem gorda, pois, ela é parte essência para a tranquilidade conjugal. Perder a individualidade para ver-se como algo de alguém (marido, pai, irmão, filho, entre outros). E o mais importante saber que nada disso interessa que nada disto é importante para ninguém, pois, afinal de contas o que importa mesmo é o AMOR que supera todas as diversidades da vida em nome de Jesus. Sem soar conservador ou reacionário é claro! Amém para todos nós...

Barbárie Soteropolitana



Afinal o que estaria por trás de afirmações como: “baiano é tudo mal educado”, “baiano se comporta como um bicho”, “baiano não respeita ninguém”, “baiano é tudo animal”, entre outros. Será uma nostalgia fascista e nazista tão involuntária e inocente que sai de nossas bocas como um grito de socorro para atenuar nossos problemas humanos? Ou simplesmente é uma atestação frívola e cativante de como nós somos egoístas ao ponto de nos autocensurarmos sem uma ideia clara sobre estes conflitos sociais?
A elegância de solucionar esses anseios perpassaria por nossas cabeças como se tão somente no outro estive um mal, como se a figura do outro fosse o balsamo ou origem de nossas mazelas sociais, assim, esta mesma representação do outro apareceria como um espelho que repetiria tudo de abominável para nós mesmo. Consequentemente, sem um motivo aparente, estas mazelas que acometem brutalmente a vida social do soteropolitano aparecem como um passe de mágica, como algo sobrenatural que todos desconhecessem suas razões de ser mesmo todos sabendo de sua perene e insistente ou mal explicada existência. 
No convívio cotidiano e ordinário em Salvador do Estado da Bahia fica a impressão que vivemos em uma cidade de pessoas animalizadas e sem educação. Em tudo que é comportamento social só enxergamos a falta de zelo de todos! Vivemos em um Município que não fornece para seus habitantes o mínimo de infraestrutura básica para que o mesmo possa ter uma vida digna ou pelo menos com poucas atribulações. Como querer conduta a “La Europeia” de um povo destes?
Tudo é uma dificuldade para conseguir, nesta perspectiva, verifico o que estaria mais próximo para a maioria da população pobre é uma alimentação precária, saúde deficitária, subemprego em regime de escravidão, péssima acesso a uma educação de qualidade. Isto é cerceado por um salário que não cobre estas e outras despesas de um soteropolitano. Também tudo aqui parece que é feito de qualquer jeito pela administração pública. Pagamos nossos impostos e não temos retornos satisfatórios nos serviços básicos de infraestrutura da cidade.
Estamos inseridos em uma degradação humana tão forte que acaba refletindo diretamente no trato como o Soteropolitano ver sua cidade e, consequentemente, mexe de alguma forma com as relações interpessoais das pessoas. Essa degradação acaba como sendo direcionado em tudo na cidade. Por isto temos a sensação de desleixo geral das pessoas com Salvador e seus habitantes, Em suma, como a cidade é conduzida politicamente nos introduz numa atmosfera de esculhambação plena. Assim é colocado nas nossas mente das pessoas uma imagem degradante de nós mesmos e assim acabamos reproduzindo esta esculhambação em todos os níveis de interação e convívio social em Salvador.
Mergulhados nesta submissão política/mental o soteropolitano não consegue ver a violência que é isto. Um contraponto: isto é até fortificado por um comportamento espontâneo do baiano que teria um jeito de ser alegre apesar das porradas cotidianas, tentando enxergar o lado positivo das coisas. Dizem que é um povo hospitaleiro... Será mesmo? E o aumento da violência na nossa capital? Tudo que vejo é degradação e desordem em Salvador. Não é só culpa das más administrações políticas, porem, isto gera e potencializa nosso lado humano que concebo mesmo que seja de animalização, autodestruição e degradação. Sei que até hoje não somos constituídos socialmente como uma nação com metas e bens comuns isso pode até ter consequência das misturas étnicas que tivemos em nossa construção histórica, mas, isso não deveria ser uma desculpa para maltratarmos nossa cidade.
Você perguntaria: tá bom o pobre é mal educado porque não teve acesso a boa  educação e vive em um ambiente hostil no modo que a sociedade o ver, porem, porque os ricos, os abastados são tão estúpidos e mal educados também? O comportamento dos abastados baianos seria equivalente ao do senhor feudal onde eles acham que podem fazer o que quiser sem dar nenhuma satisfação a ninguém e com a má formação da mesma com sua educação péssima e tardia que todos tiveram, afinal, sofremos o resquício de senhor e escravo em toda sociedade soteropolitana. Ou seja, permanece para toda cidade a sensação de impunidade com uma vida social sem ordem e disciplina.
Por fim, entendo que ainda não conseguirmos introduzir na nossa sociedade soteropolitana a ideia que a nossa cidade é algo para todos usufruírem e cuidar da melhor forma possível e a preservação da mesma não pode ser relegada aos nossos representantes políticos exclusivamente, portanto, temos que colocar na cabeça das pessoas que mesmo com varias e varias maneiras de entender e viver em Salvador temos que toma-la como um bem comum a todos.  

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Algumas observações simplórias, vulgares e totalmente clichê de um baiano comum



Cheiro de mijo e dendê... Será que há fragrância que simbolize melhor a cidade de Salvador?  Ou será uma afirmação meramente clichê? Nossa cidade é o estado brasileiro negro por excelência, somos a segunda maior Capital do Brasil, temos uma cidade tão comentada, falada e conhecida no mundo todo, porém, paira no ar desta mesma cidade certa esculhambação em tudo. Tudo é feito “nas coxas”, nada é levado a sério, tudo é feito de qualquer jeito e, assim, fica a impressão que Salvador é administrada com amadorismo em todas as instâncias políticas e sociais.
Chove e faz sol no mesmo instante nesta cidade de Salvador... Numa observação curiosa desse lugar nordestino, podemos constatar este fenômeno romântico, porque, o tempo passa com uma vagareza tão latente e tão comum que as pessoas de Salvador não percebem esta brincadeira da natureza e reclamam do ímpeto calor que arde na cabeça de todos. Uma cidade triste e racista escondida na sua excessiva alegria. Temos o maior carnaval do mundo, uma orla extensa da maior e mais bela baía do Brasil, variações de frutas, muitas formas de corpos miscigenados, culturas diversas de pilares dos quatro cantos do mundo, “duas estações do ano” no ano, temos o maior índice de miséria e analfabetismo do Brasil, somos ainda, referência em produção de matéria-prima e industrialização tardia nacional, porém, mesmo sem sabermos temos muito orgulho ideológico destas e de outras realidades políticas deste tão venerado Estado da Bahia.
Nossas praças históricas cheirando a mijo, nossas praias entregue a qualquer sorte sem beleza e sem vida. Olho para todos os lados e só que vejo é nichos bem exclusivos de construção de conhecimentos e o podre do homem baiano comum relegado há horas e horas de trabalho duro assiste tudo isto alienado e feliz. Este mesmo pobre homem baiano comum não percebe a perversidade de quatro instituições de Poder que o comanda em toda sua vivência social.
O povo da periferia que é a maior voz negra da Bahia tão exaltado, tão festejado por toda sociedade baiana, entretanto, esqueceram no mínimo de perguntar se ele não come, se ele não precisa sobreviver. E a arte popular regido por uma musa nesta terra de muitos negros não lembro até hoje de alguma musa sem ter traços Europeus! Apesar de ser a terceira maior capital do Brasil é uma cidade de ambiência e população com comportamento de cidade pequena e pacata, porém, com sérios problemas de infraestrutura de cidade grande. Varias ladeiras, vielas, becos, uma cidade de muitos contornos que sempre briga com seus prédios e monumentos antigos e com sua modernidade que engatinhada a curtos e demorados passos. Salvador tem algo que em outro Estado do nosso país não existe, ou seja, sempre tem uma favela ao lado de um condomínio de alto luxo vivendo em total desarmonia. Salvador ainda respira machista e preconceituosa, uma mulher aqui em Salvador mesmo da alta sociedade emancipada e independente ainda tem que ter um macho do teu lado para ser ouvida e respeitada.
Musica negra envolve um defeito, tem uma ótima proposta mais como toda musica popular, a melodia ofusca a mensagem e serve assim para o mexer frenético dos corpos principalmente da bunda. Claro que tem um povo alegre e acolhedor, mas, este mesmo povo não tem o mínimo de cuidado com coisas básicas de convivo numa sociedade, pois, não ver e não respeita o outro, mas, esta situação não deve ser um processo continuo da falta de condições básicas de subsistência que nosso povo vem careta há anos? Muitos problemas e soluções podem ser apontados, porém, temos ainda o mau comportamento de pensar que tudo pode ser deixado pra lá porque sempre vai ser assim. É repulsivo um soteropolitano ver sua cidade de origem com nojo e desdém, ter a sensação de impotência e querer sair para morar em outro lugar e deixa pra trás lembranças, momentos e pessoas importantes. Querer melhorias em minha cidade não passará de meros sonhos sempre?