sexta-feira, 28 de março de 2014

Infame



Nas suas saias o cheiro ainda é forte
E minhas mãos praticam todas as injúrias...

São intensas talvez, mais ainda gutural
São torpes, mas são como você gosta!

Nossa filha vai ser a Deusa mais linda
Totem de sedução e atrevimento, me use...

Vadia sua esperteza é dominadora
Tão perversa teu sorriso, abre qualquer mundo.

Brinque comigo, me jogue no chão das ruas,
Andes sobre meu corpo como um tapete.

Lança-me esse perfume louco
Que induz, por você, insaciável querer.

Venha, minha meretriz gulosa
Amar como se repete e se repete.

De ser mulher. És a mais doce ninfeta
De corpo usado, e de cintura luxuriosa.

A alma é um convide ao desconhecido
Entre um velho amor relembrado
Um constante novo prazer
.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Meu Eu



Não;
Não venha dizer coisas fortuitas sobre minha cara amassada;
Semblante autêntico de desespero e angústias das mais fortes;
Do meu olhar derrotado;
De minha boca seca e partida;
De meu corpo degradado;
De minha sombra negra deforme e esquisita.

Não;
Não quero ouvir suas críticas de certezas vazias;
Você com certeza não sabe do meu gemido mais íntimo;
Dos cantos de sereia que atordoam a minha vida;
Das minhas porradas cotidianas;
De minhas necessidades;
Do que sinto e dos meus desejos e vontades.

Não;
Não quero saber de suas conclusões banais sobre minha vida;
Falo de horas que se repetem e não passam nunca;
Falo de todo anacronismo;
Falo de noites longas de insônia;
De dias quentes e insuportáveis;
De tardes sem fim;
De uma dor longa e totalmente indizível.


Falo de falta de grana;
De ser ator de vários meios sociais;
De perspectivas frustradas;
De dançar conforme a música;
Do barco de Caronte;
De saber que ser você mesmo é uma prostituição de si mesmo.

Percebes nobre criatura do quê falo?
Não é OZ;
Falo de situações do dia-a-dia;
Das coisas podres e de vísceras;
Falo de minhas verdades e medos;
Das conquista e barreiras intermináveis;
De voltar para Ítaca;
De mim reconhecer e de me reinventar.

Observe e por favor fique em silêncio;
Não imagine nada;
Pois eu só falo de amor;
Dessa vontade de viver e sentir tudo;
De beber a vida e sentir todos seus sabores;
Falo de contradições e certezas adquiridas e quebradas;
Falo simplesmente de viver.