segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Vênus e o Mar

Venus é o corpo feminino suado, doce, cheiroso, macio, com cabelos sedosos, que expele feromônio onde quer que ela se mostre a contemplação, é um lugar perigoso/convidativo, onde a mão tremura e intencionada percorre cada curva, cada imperfeição, cada centímetro de um corpo que parece que foi feito para o amor, para a sacanagem, para moldar e confundir sentidos! Ela é a observação ingênua de alguém. Para o encontro de dois corpos vadios, que imitem sons selvagens conhecidos de todos, é aquele tesão desmesurado que evidencia a intenção do sexo e todo o silêncio posterior ao coito, é como aquela puta que mesmo que você a renegue, a espanque ela vai querer sempre mais e mais trepar com você, usar teu corpo e jogar fora no primeiro lixo, Vênus é o ponto G, é o orgasmo suplime e inexplicável, Vênus é orgia e depravação cotidiana, Vênus é paixão arrebatadora, Vênus é todo tipo de Brincadeira, Vênus pode ser tudo que você queira que ela seja. Vênus é a inspiração para qualquer coisa, até mesmo para a revolta de um vil racionalista.

Ela é todas as relações sócias dos Deuses do Olímpo, ela é a maçã que deu a liberdade a Adão, a inveja do Diabo e a mediocridade do Deus dos Cristãos. Ela na baianidade é Iemanjá, ela também esta presente na carcaça de um corpo envelhecido. Ela esta dançando como uma presa nua no salão pronta pra ser caçada e penetrada com toda doçura e violência. Ela é o membro masculino ereto e uma vagina molhada e suculenta com seios duros e perfeitos também Vênus é uma bunda bem torneada, Vênus é um perfume com uma fragrância indecifrável. Ela é pouco para sua extensão corporal de prazer. Vênus é o delírio permanente desta nossa indigesta vida mortal e frágil. Enfim Vênus se encontra perfeita quando nenhuma palavra pode descreve - lá.

O nascimento de Venus se confunde com os mistérios do mar... Venus a Deusa do amor tem por necessidade o Mar como teu mais fiel exemplo! O Mar é indomável, o Mar reflete o Sol como um espelho embevecido de todo tipo de vaidades, de malícias... Ele ti envolve, ofusca teu olhar, deixa você anestesiado com a própria beleza, ti coloca no meio de um saboroso jogo onde tuas duvidas e certezas servem de sala de star para toda a atmosfera de manipulações e fetiches Palacianas. O Mar assim como a Deusa Venus nos machuca em silêncio, sua calmaria é tão sutil que todas as ondas em candura recaem imponentes e destrutivas sobre a terra seca com uma desenvoltura mágica, para retornar novamente para teu lugar sempre límpido e inigualável. O Mar provoca suspiros, aguça nossas imaginações mais extraordinárias, nos ouvi quando estamos sentados a beira-mar e constatamos o bater de ondas nas pedras, o Mar apavora, o Mar é motivos para todos os tipos de suposições tolas para entendê-las.

O Mar é paixão, O Mar é Venus em carne e osso promovendo a mais pura libidinagem libertina com teu perfume mortífero. O Mar é aquele sorriso debochado, o Mar é aquele rebolar de uma anca pecaminosa, o Mar é uma virilidade na sua maior expressão, o Mar é um êxtase profundo, o Mar é presente como um estrupo de um corpo virgem, o Mar é tudo que quisermos que ele seja mesmo com oposições, o Mar é aquela mão afável que conduz você a harmonias agradáveis como um acorde perfeito! O Mar é perverso e suga sua alma, porém, o Mar é divino onde depositamos presentes e todos os lixos possíveis de serem produzidos. O Mar é aquela boca quente ardente que desesperadamente anseia para ser tocada e usada. O Mar é como um corpo tolo entregue e lambido, o Mar é ainda aquela fé dogmática que ti puxa para as profundezas de trivialidades, o Mar é teu porto seguro sem chão e referência, ele é o espelho maldito e sagrado do nosso reflexo social! O Mar se confunde também com aquelas mentirinhas providencias, o mar sucinta Poder e estórias incontáveis. O Mar tem a capacidade de se transformar em vários labirintos de sentimentos e racionalidades.

O Mar é aquele sopro ofegante do termino de existência! O Mar é o refugio, e o caminhar lento de uma nova ou qualquer vida como teu maior provocador. O Mar é aquele nosso medo irracional do escuro e o alívio da luz. O Mar é pura idealização, cobiça, o Mar incomoda porque ele sempre está ali no mesmo lugar recebendo ordem da Lua e mostrando a beleza do sol em suas águas. O Mar antes de tudo é o não saber falar dele sem segurança alguma, o debate inacabado, enfim, o Mar é o desejo insensato de liberdade, escrever além do horizonte de tuas águas profundas. O Mar é o Lugar onde Venus foi concebida com muito prazer, sexo e revolta, para ser este palavreado impertinente.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Prefácio do livro História da Loucura de Michel Foucault

Deveria escrever um novo prefácio para este livro já velho. Confesso que a idéia não me agrada, pois isso seria inútil: não deixaria de querer justificá-lo por aquilo que ele era e de reinscrevê-lo, tanto quanto possível, naquilo que está acontecendo hoje. Possível ou não, isso não seria honesto. Acima de tudo, não seria conforme tudo aquilo que deve ser, com relação a um livro, a reserva daquele que se escreveu. Um livro é produzido, evento minúsculo, pequeno objeto manejável. A partir daí, é aprisionado num jogo contínuo de repetições; seus duplos, a sua volta e bem longe dele, formigam; cada leitura atribui-lhe, por um momento, um corpo impalpável e único; fragmentos de si próprio circulam como sendo sua totalidade, passando por contê-lo quase todo e nos quais acontece-lhe, finalmente, encontrar abrigo; os comentários desdobram-no, outros discursos no qual enfim ele mesmo deve aparecer, confessar o que se recusou a dizer, libertar-se daquilo que, ruidosamente, fingia ser. A reedição numa outra época, num outro lugar, ainda é um desses duplos: nem um completo engodo, nem uma completa identidade consigo mesmo.

Para quem escreve o livro, é grande a tentação de legislar sobre todo esse resplandecer de simulacros, prescrever-lhes uma forma, carregá-los com uma identidade, impor-lhes uma marca que daria a todos um certo valor constante.

Sou o autor: observem meu rosto ou meu perfil; é a isto que deverão assemelhar-se todas essas figuras duplicadas que vão circular com meu nome; as que se afastarem dele, nada valerão, e é partir de seu grau se semelhança, que poderão julgar do valor dose outros. Sou o nome, a lei, a alma, o segredo, a balança de todos esses duplos.

Assim se escreve o prefácio, ato primeiro com o qual começa a estabelecer-se a monarquia do autor, declaração da tirania: minha intenção deverá ser seu preceito, leitor; sua leitura, suas análises, suas críticas se conformarão àquilo que pretendi fazer; entendam bem minha modéstia: quando falo dos limites de meu empreendimento, pretendo limitar sua liberdade, e se proclamo a sensação de não ter estado à altura de minha tarefa é porque não quero deixar-lhes o privilégio de contrapor a meu livro o fantasma de um outro, bem próximo dele porém mais belo que ele. Sou o monarca das coisas que disse e mantenho sobre elas uma soberania eminente: a de minha intenção e do sentido que lhes quis atribuir.

Gostaria que um livro, pelo menos da parte de quem o escreveu, nada fosse além das frases de que é feito; que ele não se desdobrasse nesse primeiro simulacro de si mesmo que é um prefácio, e que pretende oferecer sua lei a todos que, no futuro, venham a formar-se a partir dele. Gostaria que esse objeto-evento, quase imperceptível entre tantos outros, se recopiasse, se fragmentasse, se repetisse, se simulasse, se desdobrasse, desaparecesse enfim sem que aquele a quem aconteceu escrevê-lo pudesse alguma vez reivindicar o direito de ser seu senhor, de impor o que queria dizer, ou dizer o que o livro devia ser.  Em suma, gostaria que um livro não se atribuísse a si mesmo essa condição de texto ao qual a pedagogia ou a crítica saberão reduzi-lo, mas que tivesse a desenvoltura de apresentar-se como discurso: simultaneamente batalha e arma, conjunturas e vestígios, encontro irregular e cena repetível.

É por isso que, ao pedido que me fizeram de escrever um novo prefácio para este livro reeditado, só me foi possível responder uma coisa: suprimamos o antigo prefácio. Honestidade será isso. Não procuremos nem justificar esse velho livro, nem reinscrevê-lo hoje; a série dos eventos à qual ele pertence, e que é sua verdadeira lei, está longe de esta concluída. Quando à vontade, não finjamos descobri-la nele, como uma reserva secreta, uma riqueza inicialmente despercebida: ela se fez apenas com as coisas sobre ele ditas, e dos eventos dos quais se viu prisioneiro.

− Mas você acaba de fazer um prefácio!

− Pelo menos é curto.

                                                                              Michel Foucault  

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

ROSAS BRANCAS E UMA PSEUDOFILOSOFIA

As rosas brancas têm algo peculiar... Elas são passives a contemplação! Para um olhar comum ávido de aparencias imediatistas a rosa branca perder o envolvimento, o prazer do primeiro contato por ter uma cor “morta” que é o branco ela não brilha, ela não se impõem, ela simplesmente anseia por discrição, por uma atitude detalhada de observações nervosas, porem, com uma calma doce tão angustiante que chega a permear na sua existência branca a falta do espetáculo de um significado qualquer para que ela tenha qualquer vida e qualquer importância.

Para um olhar observador a rosa branca por ser branca esconde sutilezas, esconde sentidos outros, ela prende este olhar contemplativo numa atmosfera de indagações intermináveis. Sua estética é igual a outras rosas de cor diferente, porem, não é este o motivo de sua beleza singular, pois, ela nos conduz a descobertas de possibilidades de imagens de nossos desejos de mudanças, permanências ou idealizações do que venha ser o “real”.

Símbolo de beleza e adoração, cultuada como uma deusa da noite, travestida de seus espinhos maliciosos, a rosa branca codifica em gestos sua vontade, uma vontade interminável, insaciável de imposições. A rosa branca brinca com nossos sentimentos, ela nos seduz, nos envolve, nos confunde, nos provoca, retida de nos todo tipo de orgulho, de amor próprio, de uma tal maneira que passamos a não enxergar mais nada além de teu gostoso perfume, sempre à querer uma dose deste sutil e veneno  deleite.

Passamos a desejar e querer, até fazer coisas que antes não imaginávamos que seriamos capazes, ficamos cegos e sem senso, buscamos poesia nas coisas mortais só para ter a sensação perdida de paz. Renegamos nossa própria vida, o nosso Eu é servido em uma bandeja para ser bebida como algo intragável, algo sem nutriente de perseverança, algo para ser derramado no chão podre, onde todos possam desfilar todo seu ódio, toda sua prepotência.

Nosso choro de lamento regaria a rosa branca, e o que nos deixaria abismados é que esta rosa branca em momento algum tentaria dizer algo para nós, nem um vento a tiraria do teu lugar, de seu desdém com um mundo enlouquecido por suas explicações. E ela sempre ali pomposa, soberana, com um ar de deboche, só observaria nosso desespero por ela, nossas varias justificativas em defini-la, rica de tradições e seguidores infames a rosa branca moveria  guerras, justificaria as piores barbáries, verdades, mentiras e suposições apareceriam, explicaria qualquer manifestação de alegria, encheria de certezas infundadas e de autoridade uma estante cheira de teorias humanas, vozes falariam em teu nome, séculos e séculos passaria e teu nome seria louvado de todas as formas.

Muitos achariam que a conhecem, falariam dela com toda propriedade, diferentes nações reivindicariam tua origem e apontariam suas influencias dos quatro cantos do mundo, porém,  poucos saberiam exaltar teu nome. Ela passaria por varias mãos intrigadas e temerosas de tua beleza, modificariam a imagem da rosa branca para que ela não seja sacralizada ou afundada em dogmas. Surgiriam varias maneiras de contemplará, de tentar entende-la, venderiam conceitos ambíguos para poder chegar nem que fosse por um momento rápido a sua noção o seu juízo/entendimento. Críticas apareceriam para varrer qualquer duvida sobre sua beleza branca, clássicos ficariam a nossa disposição para sempre voltamos a nos angustiar com ela.

Todas as representações que possam ser direcionadas a rosa branca são representações humanas, assim, estas representações estão sujeitas a toda sorte de inferências conceituais, pois todos os pensamentos humano direcionam-se de maneiras diferentes sobre todas as coisas, tendo um mesmo conceito dependendo de sua abordagem (histórica, política, epistemológica ou gramatical) variações de um mesmo significado de um objeto qualquer.

Trecho da introdução do Tratado da natureza humana de David Hume

Tampouco é necessário um conhecimento muito profundo para se descobrir quão imperfeita é a atual condição de nossas ciências. Mesmo a plebe lá fora é capaz de julgar, pelo barulho e vozerio que ouve, que nem tudo vai bem aqui dentro. Não há nada que não seja objeto de discussão e sobre o qual os estudiosos não manifestem opiniões contrárias. A questão mais trivial não escapa à nossa controvérsia, e não somos capazes de produzir nenhuma certeza a respeito das mais importantes. Multiplicam-se as disputas, como se tudo fora incerto; e essas disputas são conduzidas de maneira mais acalorada, como se tudo fora certo. Em meio a todo esse alvoroço, não é a razão que conquista os louros, mas a eloqüência; e ninguém precisa ter receio de não encontrar seguidores para suas hipóteses, por mais extravagantes que elas sejam, se for hábil o bastante para pintá-las em cores atraentes. A vitória não é alcançada pelos combatentes que manejam o chuço e a espada, mas pelos corneteiros, tamborileiros e demais músicos do exército.

Indústria cultural da felicidade

Marcia Tiburi

Tornou-se perigoso o emprego da palavra felicidade desde seu mau uso pelas publicações de autoajuda e pela propaganda. Os que se negam a usá-la acreditam liberar os demais dos desvios das falsas necessidades, das bugigangas que se podem comprar em shoppings grã-finos ou em camêlos na beira da calçada, que, juntos, sustentam a indústria cultural da felicidade à qual foi reduzido o que, antes, era o ideal ético de uma vida justa.

A felicidade sempre foi mais do que essa ideia de plástico. Tirá-la da cena hoje é dar vitória antes do tempo ao instinto de morte que gerencia a agonia consumidora do capitalismo. Por isso, para não jogar fora a felicidade como signo da busca humana por uma vida decente e justa, é preciso hoje separar duas formas de felicidade: uma felicidade publicitária e uma felicidade filosófica.

A felicidade filosófica é a felicidade da eudaimonia, que desde os gregos significa a ideia da vida justa em que a interioridade individual e as necessidades da vida exterior entrariam em harmonia. Felicidade era o nome dado ao sentimento da pensante existência humana. Estado natural do pensamento reflexivo, ela seria o oposto da alienação em relação a si mesmo, ao outro, à história e à natureza.

Condição natural dos filósofos, a felicidade seria, no seu ápice, o prazer da reflexão que ultrapassa qualquer contentamento.

Sacralização do consumo

 A ausência de pensamento característico de nossos dias define a falta de lucidez sobre a ação. Infelicidade poderia ser o nome próprio desse novo estado da alma humana que se perdeu de si ao perder-se do sentido do que está a fazer. Desespero é um termo ainda mais agudo quando se trata da perda do sentido das ações pela perda da capacidade de reflexão sobre o que se faz.

Sem pensamento que oriente lucidamente ações, é fácil se deixar levar pelos discursos prontos que prometem “felicidade”. Perdida a capacidade de diálogo que depende da faculdade do pensamento, as pessoas confiam cada vez mais em verdades preestabelecidas, seja pela igreja ou pela propaganda – a qual constitui sua versão pseudossecularizada.

A propaganda vive do ritual de sacralização de bugigangas no lugar de relíquias, e o consumidor é o novo fiel. Nada de novo em dizer que o consumismo é a crença na igreja do capitalismo. E o que o novo material dos ídolos é o plástico.

Tudo isso pode fazer parecer que a felicidade foi profanada para entrar na ordem democrática em que ela é acessível a todos. O sistema é cínico, pois, banalizando a felicidade na propaganda de margarina, em que se vende “família feliz”, ou de carro, em que se vende o status e certa ideia de poder, a torna intangível pela ilusão de tangibilidade.

Sacralizar, sabemos, é o ato de tornar inacessível, de separar, de retirar do contato. Na verdade, o que se promove na propaganda é uma nova sacralização da felicidade pela pronta imagem plastificada que, enchendo os olhos, invade o espírito ou o que sobrou dele. A felicidade capitalista é a morte da felicidade por plastificação.

Fora disso, a felicidade filosófica é da ordem da promessa a ser realizada a cada ato em que a aliança entre pensamento e ação é sustentada. Ela envolve uma compreensão do futuro, não como ficção científica, mas como lugar da vida justa que se constrói no tempo presente.

A felicidade publicitária apresenta-se como mágica dos gadgets eletrônicos que se acionam com um toque, dos “amigos” virtuais que não passam de má ficção. A felicidade publicitária está ao alcance dos dedos e não promete um depois. Ilude que não há morte e com isso dispensa do futuro. Resultado disso a massa de “desesperados” trafegando como zumbis nos shoppings e nas farmácias do país em busca de alento.

Revista Cult 159, junho de 2011.

sábado, 27 de agosto de 2011

Calem a boca, nordestinos!

Por José Barbosa Junior   

A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.
Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra... outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.
Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: "Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!".
Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos "amigos" Houaiss e Aurélio) do nosso país.
E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!
Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!
Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?
Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?
Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?
Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial  Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos... pasmem... PAULISTAS!!!
E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.
Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.
Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura...
Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner...
E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia...
Ah! Nordestinos...
Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?
Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.
Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!
Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!
Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário... coisa da melhor qualidade!
Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso... mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!
Minha mensagem então é essa: - Calem a boca, nordestinos!
Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.
Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.
Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”

Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!

José Barbosa Junior, na madrugada de  03 de novembro de 2010.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Apenas outro poema chato que tenta falar de amor

Adoro-te muito;
Meu dia fica mais saboroso quando falo com você;
Parece que o dia toma outro sentido;
Outra razão de ser;
Fica encantador o tempo que é mudo que brinca com meus sentidos.

Fico aqui no desejo de percorrer teu corpo todo com minhas mãos;
Um percurso que eu faria devagar;
Observando todos os detalhes dele;
Todas as curvas;
Todas as voltas;
Todas as entradas.

Meu paladar sentiria teu gosto real;
Seria um deleite singular;
Como nunca tive antes;
Teu sorriso abriria um mundo confuso de imagens diversas;
Seguiria todo o mexer de teu corpo com meu olhar atento;
A qualquer movimento convidativo seu;
Na espera de ti possuir como um animal selvagem no cio.

Permearia uma atmosfera fria;
Ardente;
Que arrepiaria meu corpo todo;
Faria-me gemer de tanto tesão e fissura;
Baixinho murmuraria teu nome interminavelmente;
A excitação mútua faria nos perdermos;
Nas delícias das sensações do corpo no outro corpo nu.

Você como minha musa;
Mostrar-me-ia o bailar de possibilidades de perversos e safadezas;
Além disso, mostraria ainda uma face de querer ingênuo;
Um lado seu que eu mesmo não conhecia;
Até o momento de ter você por completo sem intermédios fantasiosos;
Delírios precários de uma riqueza expansiva de obter sensações controvertidas.


Depois que eu ti vi e contornei teu corpo deitado no chão;
Com meu olhar envenenado com sexo;
Eu sabia que ia acontecer algo;
Que me deixaria assim tão encantado por você.
Você seria minha Lolita;
Minha Anita;
Minha Duquesa de Langeais,
Minha mulher mundana;
Que ouviria teus conselhos como um aluno ávido de tua sabedoria.

Estou doido para ti ver novamente;
Sem idealizações alguma;
Querer e querer muito você;
Querer usar você.

Sabe o que eu mais queria agora?
Era ouvir você;
Para odiar todas suas histerias e futilidades;
Sentir no ar todo o exótico perfume;
Natural de sua carne suada;
Este perfume me hipnotizaria;
Aguçaria todas minhas tolices e bobagens de amor;
Também toda e minha virilidade.

Saberia e não saberia agir com você;
Nos momentos necessários;
Não ti digo que nunca brigaríamos;
Apesar de ser um irônico confesso não sou tão romântico assim;
E a velha paciência você há de me perguntar;
Sem ela o amor o querer lhe digo;
Não passaria de meras letras juntas e sem significado algum.

Adoro-te muito;
Meu dia fica mais saboroso quando falo com você;
Parece que o dia toma outro sentido;
Outra razão de ser;
Fica encantador o tempo que é mudo que brinca com meus sentidos.

Um Pouco de algumas “Verdades Pedagógicas”


Quando crianças somos “educados” a dizer sempre a verdade e somente a verdade em detrimento de suas implicações e conseqüências, pois, o colo fraterno da família nos “livra” daquelas malícias que o ato de dizer algo verdadeiro pode acarretar. Com o passar do tempo e com o advento da maturidade, constatamos que dizer alguma verdade fica condicionado a eventuais situações de algum momento social, e a proteção familiar de antes desaparece, assim, temos que nos sucumbir de formas autodidáticos e de performances Machadianas de nossos estados psicológicos. Como bons atores de múltiplas faces, desenhamos deste jeito perfis de personalidades distintas de nosso caráter que durante o nosso percurso de vida fica complicado sabermos se temos uma única real identidade.

 O termo verdade mistura-se de uma maneira pomposa ao termo fingir, ou seja, fingir e dizer algo passa ser prioridade, ensino/aprendizado primeiro da vivencia em sociedade nas suas varias formas de organização. A moral e a ética palavras inconvenientes servem para ficarem em círculos de debates ínfimos com prazo de validade bem estabelecidos, pois, dizer a verdade até hoje é sinônimo de poder/manipular.  Ser conveniente é a única forma de obter um convívio saudável com alguém, as pessoas preferem ser ludibriado com as diversas maneiras de dizer a mesma coisa que tornasse ofensivo não omitir nada. Pois o que importa mesmo é o encantamento, a adaptação do que foi dito.

A verdade então é vendida em prateleiras das mais diversas instituições sociais e proliferada como uma doença que o indivíduo tem que ser infectado a revelia. O cômico disto tudo é que certas verdades que por varias razões estão tão raizadas em nós, nos confundem ou simplesmente não sabemos o significado de suas bases teóricas. Não temos a capacidade de discutir estas teorias que durante toda nossa formação social foram devidamente manipuladas com a finalidade de mantermos em padrões de adestramentos para o convívio social.

A cada momento produzem-se verdades que são suplantadas por outras verdades muitas vezes não esclarecidas e ditas através de meias palavras, no jogo repetitivo de normais impostas para os indivíduos no intuito de dominar e construir preceitos confusos. Estas mudanças repentinas de verdade não passam por nenhum processo de investigação conceitual permanecendo a verdade no estado de profundo êxtase na vontade de multiplicar-se. Fabricam-se formas de verdade nas diversas áreas de pensamentos, dando espaço assim, a especialistas cheias destas verdades que como pastores enquadram rebanhos de outros ignorantes.

O individuo não consegue se desvencilhar destas verdades implantadas desde sua formação infantil, pois, reproduzem isto involuntariamente passando para seus filhos todas as doutrinas obscuras que a sua sociedade determina desde sempre. Verdades se tornam símbolo de poder, poder este esquematizado ou embutido em todos os níveis possíveis de relações humanas. As instituições detentora de Poder legitimado por verdades feitas historicamente se adaptam ao momento histórico que estão inseridas para construir novos comportamentos humanos e Político. Mascaram a realidade e conduz todos na sociedade para ter anseios e necessidades legitimadas por estas Instituições através de ideologias e adestramento total do pensamento humano.

 A educação e a Verdade sendo fatores Políticos e Ideológicos dão margem a varias analises conceitográficas, de momento ou legado histórico, de território, cultura, entre outros! Longe de ser um texto Filosófico com rigor conceitual argumentativo tentei levantar um debate que englobasse algumas pequenas observações de como verdades e verdades de educação são construídas no desenvolvimento histórico, social e político da humanidade.