sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Entre Mahler e Hendrix



Mas afinal, que teria em comum a musicalidade de Gustav Mahler um maestro austríaco e Jimi Hendrix um guitarrista norte-americano? Guardado as devidas proporções, aparentemente, cada um em sua época especifica teria técnicas e propostas musicais totalmente diferentes, porém, cada um de teu jeito inovou o tipo de música que ambos faziam com uma gama de experimentações. Dando exemplo e caminhos para gerações futuras. A técnica da música de ambos surpreende pelas inovações e principalmente pela falta de limites. E quando você pensava que nada mais poderia surgir destes compositores, eles apareciam com algo nunca antes visto. Tantos e tantos músicos posteriormente foram inspirados por ambos para criarem e produzirem música.
Tanto Mahler quanto Hendrix seriam personagens “anormativos”, ou seja, ambos fizeram de suas inquietações e excentricidades cada um de seu modo, um exemplo de resistência e criatividade, pois, se buscamos exemplos de novas possibilidades para criticar certas normatizações de comportamento e vivência social que definem um indivíduo na sua ambiência histórica, com certeza, estas figuras de subversão são parâmetros que devem se levado em consideração. Assim, a composição de ambos são fascinantes porque transmitem de forma forte a forma de vida estranha e diferente que os mesmos tem. São mestres  desconstrutores” e “reinventadores” de música. Por isto posso afirmar que com eles poderíamos “sentir o cheiro da amoralidade”.
Estes compositores tão diferentes e contemporâneos na sua forma de fazer música atemporal, eu poderia dizer que eles provocam em nós seus ouvintes e admiradores, sentimento de reverencia por fazer uma arte que tem a capacidade de transcender o comum com uma sonoridade tão titânica e apoteótica, porque, ambos faziam música com visceralidade e com suas raízes culturais e suas realidades e verdades.
Eles são fantásticos por simplesmente se reinventam. Suas obras expressão uma rede onde o observador pode qualificar e escrever um mundo só seu. Eles tocam cada som do universo. Eles entendiam música como um mundo que deveria soar em seu pleno, porque, a verdadeira experimentação sonora teria que ter e abarcar todas as distorções oriundas da natureza em sua totalidade. Com um som forte que querer presença e soberba, ambos desenhavam a cada movimento, a cada refrão, a cada frase, a cada acorde, a cada riff, a cada vocalização nervosa e sexual, possibilidades que teria que demonstrar que em toda parte do mundo existe constantes confusões sonoras que é a mais bela das harmonias e que podem ser demonstradas e interpretadas como se queira. Recortar, montar e redefinir sonoridades, estes eram o papel deles. Em suma, uma capacidade enorme e natural de sempre se questionar e se reinventar sempre.
Para entende-los temos que captar cada vibração dos sons como uma porrada, porque, música é além de domínio técnico, dos infortúnios de estudar e pesquisar, visto que, música para ser completa e entendia, antes de tudo, deve ser ardente e sentida. Acho até que para ter algo a dizer a música tem que ativar sensações, prazeres, desejos, lembranças e dores, em fim, um vasto mundo de possibilidades. Gosto de música em detrimento das outras formas de arte porque a mesma é incompreensível pra mim, pois, se fosse o contrário perderia toda esta mágica, este deleite em ser apreciada! A música esta presente entre aquele que domina a técnica de compor sem emoção, sem frescura, com um rigor matemático, com um leve toque de frieza e virilidade (Mahler), mas, a música aparece também na sensibilidade na fascinante improvisação não menos rigorosa (Hendrix). Entendo que a música é a mais “democrática” das artes, porque, não precisaremos de conhecimento apurado e muito sofisticado para se fazer música. Basta só detectar as vibrações sonoras e criar suas próprias melodias com os instrumentos que você tem em mãos. 
Com certeza o que liga Mahler e Hendrix é a excentricidade e seu estado frenético de ser, é estar sempre na busca louca e desmedida da perfeição do último e quem sabe desconhecido acorde, pois, para serem o que são eles tem que ser sua própria música personalizada em si. O contentamento que sugue quando você ouve estes dois compositores se dar porque eles têm esta capacidade de brincar com cada sensação da gente. Em fim, foi esse comportamento anormal que tanto nos aterroriza e fascina ao mesmo tempo em que  guardamos sua arte e vida que a lembrança dos mesmo ainda permanece em nosso imaginário.