quinta-feira, 20 de março de 2014

Meu Eu



Não;
Não venha dizer coisas fortuitas sobre minha cara amassada;
Semblante autêntico de desespero e angústias das mais fortes;
Do meu olhar derrotado;
De minha boca seca e partida;
De meu corpo degradado;
De minha sombra negra deforme e esquisita.

Não;
Não quero ouvir suas críticas de certezas vazias;
Você com certeza não sabe do meu gemido mais íntimo;
Dos cantos de sereia que atordoam a minha vida;
Das minhas porradas cotidianas;
De minhas necessidades;
Do que sinto e dos meus desejos e vontades.

Não;
Não quero saber de suas conclusões banais sobre minha vida;
Falo de horas que se repetem e não passam nunca;
Falo de todo anacronismo;
Falo de noites longas de insônia;
De dias quentes e insuportáveis;
De tardes sem fim;
De uma dor longa e totalmente indizível.


Falo de falta de grana;
De ser ator de vários meios sociais;
De perspectivas frustradas;
De dançar conforme a música;
Do barco de Caronte;
De saber que ser você mesmo é uma prostituição de si mesmo.

Percebes nobre criatura do quê falo?
Não é OZ;
Falo de situações do dia-a-dia;
Das coisas podres e de vísceras;
Falo de minhas verdades e medos;
Das conquista e barreiras intermináveis;
De voltar para Ítaca;
De mim reconhecer e de me reinventar.

Observe e por favor fique em silêncio;
Não imagine nada;
Pois eu só falo de amor;
Dessa vontade de viver e sentir tudo;
De beber a vida e sentir todos seus sabores;
Falo de contradições e certezas adquiridas e quebradas;
Falo simplesmente de viver.

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