Cheiro
de mijo e dendê... Será que há fragrância que simbolize melhor a cidade de
Salvador? Ou será uma afirmação
meramente clichê? Nossa cidade é o estado brasileiro negro por excelência, somos
a segunda maior Capital do Brasil, temos uma cidade tão comentada, falada e
conhecida no mundo todo, porém, paira no ar desta mesma cidade certa
esculhambação em tudo. Tudo é feito “nas coxas”, nada é levado a sério, tudo é
feito de qualquer jeito e, assim, fica a impressão que Salvador é administrada
com amadorismo em todas as instâncias políticas e sociais.
Chove
e faz sol no mesmo instante nesta cidade de Salvador... Numa observação curiosa
desse lugar nordestino, podemos constatar este fenômeno romântico, porque, o
tempo passa com uma vagareza tão latente e tão comum que as pessoas de Salvador
não percebem esta brincadeira da natureza e reclamam do ímpeto calor que arde
na cabeça de todos. Uma cidade triste e racista escondida na sua excessiva
alegria. Temos o maior carnaval do mundo, uma orla extensa da maior e mais bela
baía do Brasil, variações de frutas, muitas formas de corpos miscigenados,
culturas diversas de pilares dos quatro cantos do mundo, “duas estações do ano”
no ano, temos o maior índice de miséria e analfabetismo do Brasil, somos ainda,
referência em produção de matéria-prima e industrialização tardia nacional,
porém, mesmo sem sabermos temos muito orgulho ideológico destas e de outras
realidades políticas deste tão venerado Estado da Bahia.
Nossas
praças históricas cheirando a mijo, nossas praias entregue a qualquer sorte sem
beleza e sem vida. Olho para todos os lados e só que vejo é nichos bem
exclusivos de construção de conhecimentos e o podre do homem baiano comum
relegado há horas e horas de trabalho duro assiste tudo isto alienado e feliz.
Este mesmo pobre homem baiano comum não percebe a perversidade de quatro
instituições de Poder que o comanda em toda sua vivência social.
O
povo da periferia que é a maior voz negra da Bahia tão exaltado, tão festejado
por toda sociedade baiana, entretanto, esqueceram no mínimo de perguntar se ele
não come, se ele não precisa sobreviver. E a arte popular regido por uma musa
nesta terra de muitos negros não lembro até hoje de alguma musa sem ter traços
Europeus! Apesar de ser a terceira maior capital do Brasil é uma cidade de
ambiência e população com comportamento de cidade pequena e pacata, porém, com
sérios problemas de infraestrutura de cidade grande. Varias ladeiras, vielas, becos,
uma cidade de muitos contornos que sempre briga com seus prédios e monumentos
antigos e com sua modernidade que engatinhada a curtos e demorados passos.
Salvador tem algo que em outro Estado do nosso país não existe, ou seja, sempre
tem uma favela ao lado de um condomínio de alto luxo vivendo em total desarmonia. Salvador ainda respira
machista e preconceituosa, uma mulher aqui em Salvador mesmo da alta sociedade emancipada
e independente ainda tem que ter um macho do teu lado para ser ouvida e
respeitada.
Musica
negra envolve um defeito, tem uma ótima proposta mais como toda musica popular,
a melodia ofusca a mensagem e serve assim para o mexer frenético dos corpos
principalmente da bunda. Claro que tem um povo alegre e acolhedor, mas, este
mesmo povo não tem o mínimo de cuidado com coisas básicas de convivo numa
sociedade, pois, não ver e não respeita o outro, mas, esta situação não deve
ser um processo continuo da falta de condições básicas de subsistência que
nosso povo vem careta há anos? Muitos problemas e soluções podem ser apontados,
porém, temos ainda o mau comportamento de pensar que tudo pode ser deixado pra
lá porque sempre vai ser assim. É repulsivo um soteropolitano ver sua cidade de
origem com nojo e desdém, ter a sensação de impotência e querer sair para morar
em outro lugar e deixa pra trás lembranças, momentos e pessoas importantes.
Querer melhorias em minha cidade não passará de meros sonhos sempre?
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